quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ser Mãe

Ser mãe não é estar mãe. Ser mãe é uma condição perene. Para mim, o significado de ser mãe é 'doação'. Pimeiro vem a escolha do fim da solidão. Nunca mais uma mulher que vira mãe se sentirá sozinha... o filho pode até abandonar sua mãe, mas essa mulher, agora mãe, terá sempre outra pessoa em seus pensamentos. As doações subsequentes a essa escolha são menos intangíveis... são reais, visíveis a olho nu. Eu sou mãe, portanto me doo constantemente, desde a concepção até o cotidiano... 100% doação. Doei meu corpo para abrigar o desenvolvimento da Leticia e da Sara (corpo este que não é e nunca mais será o mesmo, pelos simples fato de ter carregado no ventre as vidas que agora estão aí), dôo meus pensamentos, meu amor, meu tempo, meus dias, minhas noites, dôo minha comida (sim, dividir um prato com a Lelê é abrir mão da melhor parte da comida para ver o prazer no rosto da minha filha, para ter a certeza que ela estará satisfeita, sim, de barriga cheia).
Ser mãe é abrir mão da beleza por um tempo (Qual mãe amamenta dia e noite seu recém nascido e não coleciona olheiras, cabelos secos e cansaço?).
Ser mãe é sinônimo de uma lista enorme de sentimentos que antes apareciam de vez em quando, ou de forma menos intensa: o tal do amor incondicional, a paciência, a insistência, a felicidade.
Ser mãe é a gente se sentir um pouco Deus. Afinal, quem pode gerar vida à sua imagem e semelhança?

Primeiro maná da Lelê em casa (15 de setembro de 2011)
Primeira amamentação da Sara, no Hu, 4 de outubro, 22h25


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Parto HU - UFSC


Finalmente encontrei o tempo, a oportunidade e a inspiração para escrever sobre o dia 4 de outubro, a sexta-feira que a Sara chegou. Mesmo a pequena recém nascida estando aqui, nos meus braços, agora é a chance.
Inicialmente eu escreveria sobre a maternidade do HU e o nascimento da Sara, mas a postagem foi ficando gigante e confusa, então resolvi separar. Primeiro falarei de como funcionam as coisas na maternidade do HU, e outro dia termino de contar sobre o nascimento da Sarinha.

Esse post tem a intenção de informar as pessoas que procuram no Google por parto natural, parto humanizado, parto de cócoras no HU da Universidade Federal de Santa Catarina. Como eu achei poucas informações na rede sobre isso, resolvi fazer uma descrição bem detalhada para ajudar outras mamães que estejam procurando saber como as coisas funcionam (e bem)  por lá.

Chegada:
Para dar entrada na maternidade do HU, o que levar: documento de identidade e cartão do SUS. Eles fazem na hora, mas se você tiver um número já ajuda. Acho que chegar lá cheia de dores, ou com a bolsa estourada e ainda ter que fazer cadastro não é agradável.
A entrada é pela Emergência do HU. Entrando pelo estacionamento, à esquerda. Entrega a identidade, a carteirinha do SUS, e em 2 minutos entregam um papel e encaminham para a emergência ginecológica/obstétrica. É bem fácil de chegar.
Não leve bolsa, nem a mala da maternidade. Nem você e nem seu acompanhante. Lá eles tem tudo que precisamos emergencialmente. Não vai precisar de bolsa, nem roupa, nada, e nem tem onde colocar lá.

Emergência ginecológica/obstétrica:
Fomos recebidos por uma enfermeira, foi medida pressão, verificada minha temperatura, e logo um estudante do último ano de Medicina me examinou, anotou tudo referente a minha saúde, a gravidez e tudo que estava no cartão da gestante. Nesse momento, em que eu estava me esvaindo, com a bolsa rota, ele já peiu para eu colocar a camisola do HU, e em seguida trocou o plantão dele por uma outra  moça, também do último ano de Medicina. Foi ela que me deu a notícia que às 18h15 eu estava com 2 ou 3 centímetros de dilatação. A expectativa generalizada é que eu passaria a madrugada ali. Nesse momento eu não tinha dores fortes, apenas o incômodo da bolsa estourada, vazando.
Dali fui para a máquina que mede os batimentos cardíacos do bebê e a frequência das contrações.
Ali as enfermeiras são todas muito simpáticas e atenciosas, contam histórias, perguntam da gente. Me senti bastante acolhida.
Confirmado, eu estava em trabalho de parto (claro, com a bolsa rota), fui encaminhada para o Centro Obstétrico propriamente dito, onde os partos acontecem.
Quem me recebeu foi a enfermeira Fernanda, ela passeou comigo em todo o espaço, me mostrou as salas... Aquele dia estava bem tranquilo, não vi muitas grávidas, apenas uma jovenzinha (acompanhada de sua mãe) tomando banho quente, já no final do trabalho de parto (que infelizmente teve que ser conduzido para uma cesárea de emergência).
O que a Fernanda me mostrou: a sala do pré-parto. as salas de parto, a sala da recuperação, e a sala (super quentinha) onde os bebês são pesados, higienizados e vestidos imediatamente após o parto.

Sala do pré-parto: são 3 camas com 3 poltronas para o acompanhante, separadas por paredes, mas um corredor que liga elas, e por onde transitam os enfermeiros, os médicos, residentes e doutorandos.
Ao lado dessa sala tem dois banheiros que podem ser usados livremente pelas grávidas, inclusive um chuveiro com água quente, bem legal para relaxar. Também tem bola de Pilates, e outros aparelhos para ajudar o trabalho de parto e a dilatação.

Salas de Parto: são 3 salas de parto. Duas para o parto normal, e uma equipada para a cirurgia da cesariana. As duas salas de parto normal têm luzes com intensidade mais baixa para não assustar o neném, e tem uma espécie de cadeira/trono alta, com a barra de aço para o famoso parto de cócoras,  cujo HU-UFSC é referência nacional.
Nesse quesito achei a questão da segurança para mamãe e bebê bem melhor do que na Santa Helena. Lá, eu fiz meu parto normal numa sala de cirurgia, ou seja, as chances de infecção aumentam. Por isso a importância de ter salas separadas para parto normal e cesarianas.

Sala de recuperação: Uma sala grande onde todas as mamães vão em suas macas após o parto, seja ele normal ou cesareano. É uma sala bastante clara, onde todos falam a vontade. Nesse momento os bebês estão com os acompanhantes das mamães na sala quentinha, tomando banho, pesando, medindo. uns 20 minutos depois o Jaime chegou com a Sara nos braços. Ali eu fiquei por uma hora para que as enfermeiras pudessem ver a evolução do meu útero, e medir minha temperatura, a cada 10 minutos. Esse momento é bem importante para verificar a ocorrência de hemorragia, diminuição do útero, etc. Nessa ocasião também amamentei pela primeira vez a Sara e pedi por um lanchinho desesperadamente. Como o parto foi normal, fui atendida. As cesarianas tem que esperar 6 horas para se alimentar.

Pós Parto:
Depois da Sala de Recuperação passei para uma maca de rodinhas e fui levada para o terceiro andar, onde ficam as acomodações. Fomos eu, a enfermeira empurrando a maca e o Jaime segurando a Sara. Chegando lá, fomos "entregues" a outro grupo de enfermeiras. Elas nos encaminharam a um quarto, que eu dividi com outra parturiente. Dentro do quarto tinha um banheiro para nós duas. O quarto era dividido por uma cortina, mas nós duas resolvemos ficar batendo papo, e nem fechamos a cortina. No quarto tem as camas, as mesas para fazermos as refeições (dessas que encaixam na cama de hospital), uma mesinha de apoio e uma cadeira. Por esse motivo meu marido não ficou para dormir. Como era meu segundo bebê, achei até melhor, pois eu sabia que naquela primeira noite (e tantas outras subsequentes), não teria o que ele fazer ali, afinal, eu passei a noite toda amamentando e trocando fraldinha. No dia seguinte, as 8h30 ele estava de volta.
Limpeza: a limpeza do quarto era feita a cada 4 horas. Entrava uma moça, limpava o banheiro, tirava todos os lixos, perguntava se estava tudo bem. Muito mais eficiente que na Santa Helena, onde diversas vezes tivemos que implorar para tirarem o lixo do banheiro e levar as bandejas de alimentação.
Roupa de cama: sempre limpa, trocada e com muitos cobertores.
Alimentação: balanceada, sem frescura. Não tinha carne dura, gostei de tudo. No corredor, na bancada das enfermeiras tinha disponível: chá, bolachas e pãozinho doce (que eu ataquei nas duas madrugadas que passei lá). Também em cada mesinha das mamães tinha uma jarrinha e copo, eu repunha água no bebedouro do corredor, varias vezes ao dia.
Assistência ao Bebê: o bebê saiu do centro obstétrico usando roupinhas do próprio HU, depois que chegamos nas acomodações meu marido foi no carro buscar a nossa malinha. Foi quando eu já tomei um banho, e coloquei meu pijama. O bebê eu só troquei no dia seguinte, após o banho. Nas 36 horas que passamos lá, o bebê fez teste da orelhinha, olhinho e o teste d coração com 25 horas de vida. Também foi uma enfermeira especialista em amamentação, mas na verdade todas as enfermeiras ajudavam. Nesse quesito gostei muito. Na Santa Helena, cada enfermeira dizia uma coisa, era horrível para uma mãe de primeira viagem. a neonatologista que deu a alta do bebê era muito querida e atenciosa. Tirou todas as dúvidas, e explicou tudo, do umbigo a icterícia... bem detalhado.
Assistência a mamãe: sempre fui examinada por um residente. todos falando baixinho, discretos, perguntando sobre o parto, o neném, etc.



Enfim, saí de lá com meu tesouro nos braços com a clara certeza que estava devendo algo para aquelas pessoas todas. No HU pude ver mães de todas as classes sociais sendo atendidas exatamente da mesma forma, um exemplo de hospital público, e sobretudo de pessoas que vivem para cuidar de outras pessoas, que estão tão fragilizadas pelas horas de trabalho de parto e pela responsabilidade de alimentar e criar um novo ser humano. Realmente a experiência do parto natural, sem nenhuma indução, nem analgesia, é o que considero o respeito por mim como mulher, mãe e ser humano.

Espero que a descrição ajude quem está procurando sobre como as coisas funcionam na maternidade do HU.
Daqui a uns dias contarei mais da minha experiência mais detalhadamente, de como a Sara chegou no HU. :)

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Registro papai Jaime

Seria muito fácil deixar essa mensagem do Papai Jaime sumir, escapar, por isso resolvi publica-la aqui mesmo, no blog onde no futuro as meninas, Leticia e Sara, poderão acompanhar como pensamos no momento em que nasceram e crescem.

"Queridos companheiros de jornada: nasceu a SARA. Foi na última sexta feira no finalzinho da noite.
Segue meu relato, publicado no facebook (e a música que dedico a ela http://www.youtube.com/watch?v=o1RQWPJxWXE&feature=share):
UM RELATO:
Minha filha, Sara, nasceu num hospital público: o Hospital Universitário da UFSC. AGRADEÇO o trabalho maravilhoso feito por todos que nos acompanharam. Minha esposa, Ana Cecília, entrou em trabalho de parto às 20:30h de sexta passada e ganhou nossa pequena às 21:56h. Não tomou nenhuma indução química, tampouco analgesia. Uma guerreira, a mãe. A natureza ajudou, mas ajudou muito, muitíssimo mesmo, o trabalho dos enfermeiros, a alegria dos estudantes, o acompanhamento dos professores. Um parto é um ato onde a mente trabalha tanto quanto o corpo, foi o que presenciei. Foi a primeira experiência que tive, como pai, num hospital público (tenho quatro filhos). Foi, sem dúvidas, a melhor.
Gostaria que toda a gente que cuida deste espaço tivesse o devido merecimento. Andei pela madrugada, depois do parto, até a rua, e lá ví doentes espalhados por corredores. Eram cerca de doze doentes na porta de saída da emergência. Fico pensando, sofrendo, ao ver que há uma grande equipe trabalhando por salvar vidas e que o dinheiro orçamentário, que hoje é farto, não chega ao destino final. Da mesma forma que agradeço aos seres humanos que fizeram com que nossa Sara viesse ao mundo com muita saúde e da melhor maneira possível, repudio o trabalho das instituições que não conseguem fazer cumprir seus desígnios. Chamo atenção para o estado deplorável do estacionamento do HU. Chamo atenção para as reformas que nunca acabam. Chamo atenção para um problema que não é do HU, mas da pequena política, da mesquinhez, da falta de vergonha na cara desta gente que se locupleta com o dinheiro público. Gente vil. Está espalhada pela universidade, pelos tribunais, pela empresas prestadoras licitadas,,,,
Agradeço aos HERÓES DA RESISTÊNCIA, que em meio a tudo isto, conseguem fazer o mundo girar para que uma pequena estrela possa brilhar.
Um beijo a todos que fazem deste lugar, um lugar melhor.

PS: Para ouvir a música é só colar e ....

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Sara chegou

Mais uma passarinha para cantarolar por este mundo. Sarinha chegou no dia 4 de outubro de 2013, às 21h56. Pouco a pouco vamos completando este blog, que é um verdadeiro álbum virtual desta família.